Agronegócios
Dia do agricultor (28/7): inclusão financeira e tecnológica contribuem com trabalho desse profissional
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Quando associadas ao conhecimento técnico e tácito dos trabalhadores rurais, inovações trazem benefícios como lucro e sustentabilidade para o campo
Com o avanço das inovações e da digitalização no campo, o uso de tecnologias deixou de ser um diferencial competitivo, tornando-se uma necessidade para qualquer agricultor que queira permanecer no mercado com bons resultados. Apesar de por vezes ser vista socialmente como uma inimiga — capaz de “substituir” o trabalho humano — , a principal função da inovação tem sido a de auxiliar no cotidiano desses produtores rurais, facilitando seu dia a dia e ajudando na obtenção de mais produtividade. Não é à toa que 84% dos agricultores brasileiros usam pelo menos uma tecnologia como ferramenta de suporte ao seu trabalho, como demonstra pesquisa liderada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“Associado às técnicas de produção e ao vasto conhecimento tácito dos agricultores, as inovações tecnológicas permitem que os recursos sejam usados de forma cada vez mais inteligente no campo, garantindo que benefícios como lucro e sustentabilidade sejam possíveis e contribuindo para o avanço de um novo agronegócio ainda mais eficiente”, comenta Bernardo de Castro, presidente da divisão de Agricultura da Hexagon — empresa que desenvolve e fornece soluções tecnológicas para áreas agrícolas e florestais.
No entanto, para acesso às tecnologias, é importante que os agricultores tenham recursos. Com o propósito de democratizar os serviços financeiros, a CashWay, techfin de Florianópolis/SC, tem ajudado a levar para o interior do país acesso à tecnologia com benefícios como crédito, conta e transações bancárias aos pequenos e médios produtores rurais. No Brasil, 34 milhões de brasileiros ainda estão desbancarizados — sem conta bancária ou que a usam com pouca frequência. Os dados, levantados por meio de uma pesquisa do Instituto Locomotiva, são referentes a janeiro de 2021, e mostram que 10% dos brasileiros não tinham conta em banco (16,3 milhões), e outros 11% (17,7 milhões) não movimentaram a conta no mês anterior, o que totaliza 21% do total. O estudo mostrou ainda que os 10% de brasileiros sem conta em banco são majoritariamente do interior, mulheres, mais jovens, das classes D e E e menos escolarizados.
A inclusão financeira, além de gerar benefícios para a economia, contribui para o financiamento da produção, ajudando na escalabilidade do negócio e gerando mais emprego e renda no meio rural. “Nosso objetivo é que a solução da CashWay possa atender quem se encontra fora do eixo, levando recursos de grandes bancos, mais crédito e uma tecnologia simplificada e ágil a cooperativas de crédito rural, que atendem, na maior parte, pequenos e médios produtores”, explica o CEO da CashWay, Felipe Santiago. Segundo ele, desde o início das atividades da techfin, em 2019, a tecnologia já atingiu mais de 260 mil usuários finais.
A solução permitiu à Crediseara, cooperativa do interior de Santa Catarina, fomentar as atividades com ofertas de crédito, investimentos, conta corrente, pagamentos de títulos, convênios, recargas de celular, seguros, entre outros. Segundo o diretor administrativo da cooperativa, Ademilso Auziliero, um dos maiores desafios foi crescer sem perder a essência do cooperativismo. “É importante investir em tecnologia para não ficar para trás. A organização cooperativa facilita muito a vida das pessoas com proximidade e agilidade no atendimento, valorizando e se interessando verdadeiramente. O cooperado não é apenas um CPF, vemos ele como um ser humano e isso faz toda a diferença. Por isso, investimos em tecnologia sem perder a essência da humanização”.
Tecnologias garantem planejamentos mais eficientes
Entre suas diversas funcionalidades de apoio ao agricultor, as tecnologias podem, por exemplo, auxiliar no planejamento de operações. Imprevistos sempre foram um grande desafio para o campo, porém, atualmente, existem softwares específicos que possibilitam que os profissionais consigam se preparar melhor para lidar com as diferentes situações do seu cotidiano no agro.
“Fazer um planejamento otimizado de cada etapa da produção, calcular possibilidades e variantes e monitorar atentamente as operações é essencial. Ainda que não impeça acasos, essas ações permitem mais assertividade na tomada de decisões e agilidade na resposta aos conflitos, evitando grandes prejuízos nas lavouras”, explica Bernardo de Castro, da Hexagon.
Tecnologias para planejamento de plantio, por exemplo, são capazes de analisar áreas de produção, apontar a necessidade de reformas, indicar o solo e as variedades ideais para plantio e calcular curvas de produtividade, gerando maior previsibilidade nos custos com insumos e equipamentos. Já pensando na colheita, os softwares ajudam a construir planos que consideram questões como produção estimada por área, curvas de maturação, distribuição geográfica, previsões meteorológicas e até mesmo a demanda do mercado.
A pesquisa liderada pela Embrapa também indica os três principais motivos que levam agricultores a buscarem por essas soluções tecnológicas. Dentre eles, as três respostas mais recorrentes são: obtenção de informações e planejamento das atividades da propriedade (66%), gestão da propriedade rural (43%), compra e venda de insumos, de produtos e da produção (40%).
“Dificilmente uma mesma solução será responsável por atender todos esses processos. Por isso, o agricultor que quer garantir planejamentos eficientes deve considerar a integração desses softwares”, afirma Valdemir Silveira, cofundador e CEO da APIPASS, uma plataforma de integração como software. “De forma prática, o volume de dados gerado por cada solução tecnológica pode ser melhor aproveitado pelo agricultor em decisões estratégicas quando todas as informações são disponibilizadas em uma mesma tela, em um mesmo dashboard da plataforma”, complementa.
Outra tecnologia que facilita e aprimora o trabalho dos agricultores é o controle de fertilizantes, que regula e automatiza a aplicação de insumos de forma inteligente. A partir de mapas georreferenciados, cada parte do solo recebe a quantidade ideal de fertilizantes e corretivos de acordo com suas características. Conforme explica o presidente da divisão de Agricultura da Hexagon, “além de espalhar corretamente os nutrientes, são reduzidas falhas e desvios de adubação, o que aumenta a produtividade e gera uma economia de cerca de 20% nos insumos aplicados”. De forma semelhante, também há a tecnologia de controle de pulverização, que ajuda no combate a plantas invasoras, pragas e doenças na lavoura.
Assessoria